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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

COMO DESAFIAR A CRIANÇADA A APRENDER A LER E ESCREVER


RESPOSTA ao comentário  feito à postagem  de quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Atividades com os passatempos da TURMA DA MÔNICA -III

  
EIS O COMENTÁRIO:

Anônimo disse...


Mais e as crianças que nao sabem ler e nem escrever?Vcs nao pensaram nisso né!O site é uma maravilha mais nao acho isso certo!!!
Obrigada por lerem o comentario e favor responder!
Obs. :Os alunos que passaram por essas atividades foram avaliados pelo PROALFA em 2010 e todos ficaram no nível recomendável. ( Foram meus alunos em 2008, 2009 e 2010).


Para entender melhor minha linha de trabalho, leia :

CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS NOS NÍVEIS DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA

(http://www.centrorefeducacional.com.br,)


COMO IDENTIFICAR OS NÍVEIS DE APRENDIZAGEM EM QUE SE ENCONTRAM OS NOSSOS ALUNOS, DENTRO DE UMA PERSPECTIVA SÓCIO-CONSTRUTIVISTA?

A caracterização de cada nível não é estanque, podendo a criança estar numa determinada hipótese e mesclar conceitos do nível anterior. Tal “regressão temporária” demonstra que sua hipótese ainda não está adequada a seus conceitos. ( Leia a última postagem desse blog, especificamente para explicar essa resposta.)
Abraços, Emília Ferreiro e Ana Teberosck, para detectar o nível de conceitualização da criança, sugerem um ditado individual de quatro palavras, evitando ditar o monossílabo em primeiro lugar, (monossílaba, dissílaba, trissílaba, polissílaba) e uma frase. Em seguida, pedirá à criança para “ler” o que escreveu, com a finalidade de entender como ela “lê”.

Nas características e desafio dos níveis no processo de alfabetização, as autoras colocam que, em cada nível, a criança elabora suposições a respeito dos processos de construção da leitura e escrita, baseando-se na compreensão que possui desses processos.

Dessa forma, a mudança de um nível para outro só ocorrerá quando se deparar com questões que o nível em que se encontra não puder explicar: elaborará novas suposições e novas questões e assim sucessivamente. Em decorrência, pode-se dizer que o processo de assimilação de conceitos é gradativo, o que não exclui “idas e vindas” entre os níveis.

1. Nível 1 - Hipótese Pré- Silábica - Intermediário I
A criança:
Não estabelece vínculo entre a fala e a escrita;
Supõe que a escrita é outra forma de desenhar ou de representar coisas e usa desenhos, garatujas e rabiscos para escrever;
Demonstra intenção de escrever através de traçado linear com formas diferentes;
Supõe que a escrita representa o nome dos objetos e não os objetos;coisas grandes devem ter nomes grandes, coisa pequenas devem ter nomes pequenos;
Usa letras do próprio nome ou letras e números na mesma palavra;
Pode conhecer ou não os sons de algumas letras ou de todas elas;
Faz registros diferentes entre palavras modificando a quantidade e a posição e fazendo variações nos caracteres;
Caracteriza uma palavra com uma letra inicial;
Tem leitura global, individual e instável do que escreve: só ela sabe o que quis escrever;
Supõe que para algo poder ser lido precisa ter no mínimo de duas a quatro grafias, geralmente três (hipóteses da quantidade mínima de caracteres);
Supõe que para algo poder ser lido precisa ter grafias variadas (hipótese da variedade de caracteres).
* Desafio: Qual é o significado dos sinais escritos?


2. Nível 2 – Hipótese Pré- Silábica - Intermediário II
A criança:
Começa a ter consciência de que existe alguma relação entre a pronúncia e a escrita;
Começa a desvincular a escrita das imagens e números das letras;
Só demonstra estabilidade ao escrever seu nome ou palavras que teve oportunidade e interesse de gravar. Esta estabilidade independe da estruturação do sistema de escrita;
Conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.
* Desafio: Como resolver a hipótese de que a escrita se vincula com a pronúncia das partes da palavra?


3. Nível 3- Hipótese Silábica
A criança:
Já supõe que a escrita representa a fala;
Tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras;
Pode ter adquirido, ou não, a compreensão do valor sonoro convencional das letras;
Já supõe que a menor unidade da língua seja a sílaba;
Supõe que deve escrever tantos sinais quantas forem às vezes que mexe a boca, ou seja, para cada sílaba oral corresponde uma letra ou um sinal;
Em frases, pode escrever uma letra para cada palavra.
* Desafio: Como compatibilizar, na escrita ou na leitura das palavras monossílabas e dissílabas, a idéia de quantidade mínima e de variedade de caracteres, se ela supõe que as palavras podem ser escritas com uma ou com duas letras? E também:
- Ao ler as palavras que escreveu, o que fazer com as letras que sobraram no meio das palavras (almofada) ou no final (as sobrantes)?
- Se coisas diferentes devem ser escritas de maneira diferente, como organizar as letras na palavra?


4. Nível 4- Hipótese Silábico- Alfabética
A criança:
Inicia a superação da hipótese silábica;
Compreende que a escrita representa o som da fala;
Combina só vogais ou só consoantes, fazendo grafias equivalentes para palavras diferentes. Por exemplo, AO para gato ou ML para mola e mula;
Pode combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons, sem tornar, ainda, sua escrita socializável. Por exemplo, CAL para cavalo; Passa a fazer uma leitura termo a termo (não global).
*Desafio: Como conciliar a hipótese silábica com a hipótese da quantidade mínima de caracteres? E...
- Como adequar as formas gráficas que o meio lhe propõe à leitura dessas formas?
- Como separar palavras ao escrever, quando elas não são separadas na fala?
- Como tornar a escrita socializável, possível de ser lida por outras pessoas?


5. Nível 5- Hipótese Alfabética
A criança:
Compreende que a escrita tem uma função social: a comunicação;
Compreende o modo de construção do código da escrita;
Compreende que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores menores que a sílaba;
Conhece o valor sonoro de todas as letras ou de quase todas;
Pode ainda não separar todas as palavras nas frases;
Omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica;
Não tem problemas de escrita no que se refere a conceito;
Não é ortográfica nem léxica.
* Desafio: Como entender que falamos de um jeito e escrevemos de outro? E...
- Como aprender as convenções da língua?
- Como distinguir letras, sílabas e frases?

Emília Ferreiro e Ana Teberosck, na obra Psicogênese da Língua Escrita, dizem que se entende por alfabetizada a criança que dominou a base alfabética do sistema de escrita, que lê com compreensão e escreve textos com sentido possíveis de serem lidos, mesmo que apresentem erros de ortografia.

O professor precisa levar a criança a raciocinar sobre a escrita e, para isso, ele deve criar um ambiente rico em materiais e em atos de leitura e escrita, incentivando-as. Também, deve provocar interações entre os diferentes níveis, principalmente os mais próximos. Dessa forma, o professor não precisa trabalhar necessariamente com cada aluno, mas sim lhes permitir a comunicação, que é o principal instrumento da didática da aprendizagem da alfabetização.

Isto demonstra o valor do trabalho numa classe heterogênea e o quanto ele é viável, uma vez que a homogeneidade é característica apenas dos 1ºs momentos de uma classe remanejada, pois a evolução de cada criança é pessoal.

Em todos os níveis deve-se trabalhar o som das letras do alfabeto, o reconhecimento das formas das letras e a associação grafema-fonema. “Uma mesma atividade pode servir para aluno em qualquer nível do processo, contanto que ela englobe um espaço amplo de problemas e que o professor provoque diferentemente, questões e desafios adaptados a alunos em situações desiguais dentro da psicogênese”.


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